Além das minhas qualidades que vocês podem inferir pelos meus textos (como distraída, paranóica e frequentemente pouco loquaz), tenho mais uma para acrescentar à lista: desastrada – não de forma perigosa, mas digamos que quinas de mesas não são minhas amigas. Nem telefones! Lá no estágio, já bati o telefone sem querer no meu cenho antes de atendê-lo, por isso cumprimentei a pessoa da outra linha assim:
“Ai”, resmunguei logo antes de dizer: “Alô?” (Em vez de anunciar “Coordenadoria de Produção de Conteúdos, Larissa”, conforme era esperado.)
Mas esse foi um incidente pequeno, especialmente quando comparado com a vez em que quase esbarrei em um colega no corredor e, para evitar a colisão fatal entre nossos corpos, acabei tropeçando e precisei segurar o braço da minha pobre vítima para não cair. “Foi quase um golpe de kong-fu”, na opinião da testemunha do meu ataque (um amigo da vítima que estava do lado dele). Terrivelmente envergonhada, desculpei-me profusa e repetidamente, até aquela testemunha tão gentil notar: “Você está supervermelha!” (sério, ele e eu já tínhamos me humilhado o suficiente, por que ele ainda precisou fazer esse comentário?). Depois dessa, falei apressadamente um “com licença”, mais do que disposta a voltar ao trabalho. Porém, como foi um murmúrio, tanto minha vítima quanto seu amigo sacana podem não ter ouvido. Isso significa que, depois de quase cair em cima de alguém e exibir toda a minha confiança, fugi silenciosamente da cena do crime, como uma mulher adulta (não) faria.
Bem, acidentes acontecem, e não só comigo! Um amigo meu, por exemplo, ao tentar pagar uma conta para a vó em uma loja, cumprimentou amigavelmente a caixa, que era mãe de uma amiga de sua antiga escola, de uma cidade de interior.
“Vim pagar uma conta, tia”, ele explicou conforme tirava do bolso o papel com a conta que sua avó lhe deu.
O que ele tirou do bolso e jogou no balcão, contudo, foi algo bem diferente da conta. Foi no ato de pegar o dinheiro no outro bolso que Fernando percebeu que o objeto que ele tão delicadamente mostrou à “tia” era um preservativo. Ao contrário de mim, no entanto, ele não quis se mostrar constrangido, por isso agiu, segundo suas palavras, feito um “moleque transão consciente” e deixou a camisinha bem ali. Eu ainda estava rindo da história quando ele concluiu:
“Efetuei o pagamento e guardei minha vergonha no bolso. Saí assoviando! O detalhe é que até aquele momento eu era o santinho da cidade.”
Não mais, caro amigo. Aquela mãe deve ter alertado sua filha para a depravação dele, porque sua amiga se distanciou um pouco – o que não faz sentido, visto que ele demonstrou, afinal, ser precavido. Antes seguros do que grávidos!
Nossa, me lembro de ter esbarrado e quase derrubado uma senhora num corredor do subsolo do STJ. Eu pisei nos dois pés da vítima com minhas botas bem pesadas, deve ter doido, não sabia o que dizer é pedi perdão umas tantas vezes que perdi a conta até não avistar mais a senhora e imagino que ela já deveria estar com vontade de me dar uns tapas por conta de tantas desculpas. Fazer o quê, eu buguei na hora. Desastres e desastres. Cada dia um novo pra contar.
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Kkkkkk
Pois é, o constrangimento é grande e poderoso! Entendo sua dor (mais do que a da velhinha, hehe).
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